Saturday, August 25, 2007

18º PASSEATA EM HOMENAGEM A RAUL SEIXAS

Em 1972 o até então desconhecido cantor baiano Raul Seixas saiu pelas ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro munido de um violão, executando sua recém-criada canção “ouro tolo”. A idéia de Paulo Coelho, amigo do cantor na época, foi uma estratégia usada para divulgar o primeiro disco solo de sua carreira, o clássico: “Krig-há, bandolo”. Raul conseguiu arrastar uma multidão, a passeata virou noticia e a canção “ouro tolo” virou hit. A atitude de Raul levou alguns de seus fãs, da cidade de São Paulo a organizar uma caminhada pelas ruas do centro para homenagea-lo. Bancaram do próprio bolso os poucos panfletos para divulgar a passeata e o preço do aluguel do carro de som para guia-los do Teatro Municipal até a praça da Sé. A primeira passeata aconteceu no dia 21 agosto de 1990, um após a morte de Raul Seixas.
Ainda sem patrocínio e com pouca divulgação, sósias do cantor fantasiados de mago, admiradores, membros de fã-clubes uniram-se aos metaleiros e punks para ocupar na tarde da ultima terça-feira as escadarias do Teatro Municipal e fazer o mesmo trajeto pela décima oitava vez. Ambos estudantes,Aline Munhoz, 21, e seu irmão Orlando, vieram da cidade de Campinas participar da passeata pela quarta vez: “faltamos no trabalho para vir porque Raul merece”.
Cerca de 1.500 pessoas fizeram o percurso que teve inicio às 18hs e seguiu ocupando uma faixa do Viaduto do Chá - complicando o transito por alguns minutos na rua Libero Badaró, Largo São Francisco e rua Benjamim Constant – até a Praça da Sé, onde o carro de som estacionou e a multidão permaneceu nas escadarias da catedral até às 22hs. Uma enorme bandeira com o símbolo da “sociedade alternativa” que era levada pelos fãs, foi estendida nas portarias da catedral. Durante o percurso muitos vendedores ambulantes aproveitavam a ocasião para lucrar com a venda de bebidas alcoólicas. O segurança Nélio Santos, 35, carregava “A panela do Raul”, uma vasilha de metal, minunciosamente pintada contendo uma mistura de cerveja, vinho, cortezano, conhaque e vodka. “Essa bebida simboliza toda a arte de Raul Seixas”.
Esse ano “PASSEATA DO RAUL” entrou para o calendário cultural da prefeitura de São Paulo, que patrocinou o evento pela primeira com o custo do carro de som: “ isso representa uma conquista para nós que dedicamos parte de nossas vidas para homenagear o grande Raul”, comemora Henrique Seixas, um dos agitadores da passeata.

Sunday, August 19, 2007

CANSEI ( um fracasso)
Sexta-feira, 17, meio-dia na Sé, palco montado para o ato do CANSEI – movimento em defesa do direito cívico dos brasileiros, idealizado por um grupo de empresários paulistas e pela OAB de São Paulo. A sobrancelha caída nos rostos de Ivete Sangalo, Hebe Camargo, Fernando Scheller, Vanderéia, Paulo Vilhena, deixa claro que a expressão de seriedade e tristeza foi previamente ensaiada. Junto deles, e bem alinhados, estão mais adeptos do movimento. Quem comanda o microfone é um senhor de postura militar, bigodes grandes, voz firme e alinhada, e um português de conservador. Tendo o aparelho nas mãos, ele insiste quando pode que o CANSEI não está ligado a partidos políticos. Segurando a imagem de uma santa e representando a igreja católica o padre-cantor Antonio Maria faz criticas ao governo brasileiro no seu discurso e pede aos céus um milagre para salvar o Brasil da corrupção.
De frente para o palco pouco mais de 2 mil pessoas, segundo a policia militar . Usando um lenço na cabeça com um estampa da bandeira do Brasil, uma mulher segura um cartaz que diz: “Basta!”. Basta de quê? - “basta de roubalheira, de CPMF, de caos aéreo...”. Atrás do palco, na escadaria da Sé, a advogada Célia Marcondes, segura uma faixa com os dizeres: “Reforma política já!”. Que reforma?, - “Parlamentarismo”.

Às 13hs, um dos idealizadores do movimento, Luiz Flávio Borges D' Urso, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (SP), pede um minuto de silêncio em respeito às vitimas do acidente aéreo da TAM. Terminado o silêncio agora é vez da apresentadora, Hebe Camargo, pedir para que todos dêem as mãos e cantem hino nacional, chamando a frente do palco o “tenor” Agnaldo Raiol. Fim do hino, D'urso, junto dos alinhados e das celebridades encerra o ato e branda ao microfone: "Viva o Brasil!”, o público responde: “Viva!” para em seguida gritar em uníssono: "FORA LULA!, FORA LULA!" .

Final do ato, a concentração agora é na saída do palco de onde as celebridades descem de uma rampa fazendo aceno para o público eufórico.
Ainda no meio praça um homem de cabelos grisalhos diz está decepcionado com os jovens estudantes: "só os senhores de idade esteve presentes, esperava umas 100 mil pessoas nesta praça". O estudante Thiago Bento, 20, veio só de São Bernardo do Campo participar da movimento: "convidei meus amigos, mas ninguém se interessou".

Ás 14hs a Praça da Sé já voltou ao seu movimento normal. Um palhaço vestindo as cores do Brasil vaga pelas escadarias da catedral da Sé, parece fazer parte da organização do movimento mas não faz palhaçada portanto não convence ninguém.

Thursday, August 02, 2007

A FEIRINHA DA SÉ
Praça da Sé, centro da capital paulista. Ali vem acontecendo um curioso comércio de objetos usados de procedência duvidosa. Exatamente no meio da praça, de frente para a imponente catedral, pouco mais de trinta pessoas aglomeram-se espontaneamente, andam em círculo, negociam a venda ou a troca de relógios, celulares, roupas e sapatos usados. Ao lado da “muvuca” os negociantes expõem seus produtos em lonas estendidas no chão. Uma ao lado do outra, formando assim um considerável corredor, em todas elas os objetos são cuidadosamente arrumados. Sentados no chão, os vendedores bebem cachaça e conversam muito um com outro. Um deles destaca-se dos demais, está bem vestido com roupas modernas, expõe na sua lona uma notável quantidade de camisetas pólo, que segundo o próprio disse, eram suas. O preço de cada uma: R$ 5,00, o restante das roupas ele diz conseguir em bazares beneficentes, as que lhe interessa ficam para o seu uso, as outras ele aproveita para lucrar com a venda.
Por R$ 3 e possivel comprar um par de tennis, visivelmente gastado. Além das roupas e sapatos usados, encontra-se a venda, sob as lonas: carregadores de celulares, pedaços de fio, controles remotos, calculadoras faltando botões, e até mesmo cadarços usados!
O produto mais procurado na feirinha é o celular. É possível encontrar vários modelos, desde os mais simples, até os mais sofisticados. Para a garantia do comprador alguns vendedores os testam na hora. O modelo mais procurado é o V3, da marca motorola, custa em média na feirinha R$ 150,00. Seu preço no mercado comum não sai por menos de R$ 450,00.
Os pedestres que passam na pela praça olham curiosos o comércio. Todos são obrigados a desviar do aglomerado de negociantes. O turista que deseja fotografar a catedral terá que se virar entre os vendedores, isso enquanto a curiosa feirinha permanecer ali.